NÃO separar o bebê de sua mãe no nascimento

 Gabrielle Gimenez*

            O princípio da não maleficência ("acima de tudo não causar dano"), tão fundamental para a ética biomédica, bem poderia levantar a bandeira da não separação com maior afinco. No entanto, os protocolos hospitalares muitas vezes privilegiam a praticidade e comodidade dos profissionais, deixando de lado as necessidades humanas urgentes. O desrespeito começa nem bem chegamos a este mundo e é perpetuado por nossos costumes ocidentais no cuidado com os bebês. Algo que precisamos repensar como profissionais da saúde e sociedade em geral.

Mãe e bebê jamais deveriam ser separados

Segundo o neonatologista e especialista em Neurociência perinatal, Nils Bergman, a separação é a pior entres as piores coisas que podem acontecer com alguém ao nascer.

Nossa cultura ao invés de apoiar a díade e protegê-la, faz de tudo para interferir. Separa o bebê da sua mãe, o deixa sozinho por muito tempo. Se ele chora, diz que não devemos atendê-lo.

 "Ele precisa aprender a ser independente", argumenta. Não pode ser alimentado a qualquer hora, mas segundo o relógio.

Mãe e bebê jamais deveriam ser separados. O bebê separado de sua mãe se desespera. Se desencadeia a liberação de hormônios de estresse em efeito cascata. Então se ativa sua programação genética de defesa. Ele se fecha ao crescimento e à nutrição, e dedica toda a sua energia à sobrevivência.

Mãe e bebê jamais deveriam ser separados. No corpo da mãe o bebê tem a continuidade do habitat que ele possuía no útero, e dela recebe o que recebia lá dentro: oxigenação, calor, nutrição e proteção.

Mãe e bebê nunca deveriam ser separados. Nesse colo, nesse abraço, nesse contato pele a pele, acontecem coisas tão incríveis que nem mesmo a mais avançada tecnologia conseguiu produzir um substituto melhor.

*@gabicbs é Puericultora, mãe de três, editora especial do portal aleitamento.com e autora do livro "Leite Fraco? - Guia prático para uma amamentação sem mitos".

Foto mãebebê: @elliana_allon